domingo, 11 de dezembro de 2011

A ARTE DO TRANÇAR NA CULTURA AFRO BRASILEIRA




Um simples penteado, que a gente aprendeu lá na infância, é carregado de muita história. As tranças, por exemplo, hoje são usadas porque são práticas e elegantes.



Mas muito tempo antes, elas estavam nos cabelos de deusas e sacerdotisas gregas, e ainda foram adotadas por muitas mulheres na Europa, durante a Idade Média.

Entre os africanos e seus descendentes, as tranças têm o papel de destacar a própria cultura pelo mundo. Conforme Patrícia Paiva, consultora pedagógica do curso "A Arte de Trançar os Cabelos", a técnica de entrelaçar os cabelos era usada para diferenciar tribos, idade, estado civil e até a posição na sociedade no início da civilização africana.
No século XV, durante a época da escravidão negra, os cabelos e penteados serviram como uma forma de comunicação entre os escravos. Muitos deles que chegaram ao Brasil, isso no período colonial, trouxeram as técnicas de trançar os cabelos para cá. Na década de 70, em meio ao movimento hippie, a cultura negra ficou em evidência. Movimentos negros feitos a partir da reunião de seus afrodescentes mostraram a sua marca e cultura. Além do black power, as tranças e os dreadlocks, ou dreads (trança de formato cilíndrico que se assemelha a uma corda), como são mais conhecidos hoje, também se destacaram. "O movimento hippie, com sua variedade, possibilitou a diversidade de culturas. E naquela época, os afrodescendentes ficaram em evidência", acrescenta.
A consultora lembra que os dreads não vieram da Jamaica, do movimento rastafári ou com Bob Marley, e sim na Índia. Mas foram os jamaicanos que propagaram o penteado. Durante a década de 30 surgiram os primeiros arranjos de tranças naquele país, inspirados em fotos de guerreiros massais e somalis da África Oriental. Isso somente entre os seguidores do rastafarianismo, ou do movimento religioso rastafári, em que os rastas seguem vários preceitos, entre eles, alimentar-se apenas com produtos naturais (não comem carne vermelha, não bebem álcool, nem fumam tacaco). A palavra dreadlock usada pelos rastas vem da união das palavras lock (o penteado com tranças) e dread (a pessoa que usa a trança).
De lá para cá, o traçado dos rastas ganhou novas técnicas e materiais. "Hoje em dia, os dreads podem ser feitos de maneira definitiva com agulha de crochê (mais comum atualmente porque deixa o resultado mais compacto) ou cera (pode ser feito em qualquer tipo de cabelo, mas é necessário um comprimento acima de 10 centímetros, no mínimo). Os temporários são produzidos com lã ou cabelo sintético. Nós trabalhamos com mechas grossas ou finas. A variedade de cores e adereços são infinitas. E ainda existe a possibilidade de penteados diferentes: preso, coques e até trançados, por isso considero isso como uma arte", ressalta a consultora do Instituto Embeleze.
Patrícia explica que geralmente quem mantém um cabelo no estilo dread precisa redobrar os cuidados com a hidratação e a lavagem, para que ele não fique com o aspecto de sujo ou dê a impressão de desleixo. "Lave o couro cabeludo com as pontas dos dedos e xampu neutro. Nunca use condicionador. Enxágue bem para que todos os resíduos sejam eliminados. Utilize, em seguida, um secador na temperatura fria, para evitar que a umidade prejudique a saúde dos fios. Evite dormir com ele molhado ou úmido. Isso dificulta a proliferação de fungos prejudiciais aos fios e a sua saúde. Os retoques podem ser feitos com intervalos de três ou quatro meses, conforme os cuidados de manutenção", explica Paiva.
Os dreads são usados por quem quer simplesmente diminuir o volume ou mesmo simplificar os cuidados. "Para quem tem cabelos curtos também pode aderir a moda tranquilamente, inclusive com a possibilidade de deixar as madeixas mais compridas aplicando o dread com lã", diz.





Além disso, há também uma boa variedade de cabelos trançados, entre eles, a trança nagô, feita junto ao couro cabeludo que permite diferentes desenhos na cabeça. Ela também é produzida ao contrário, trançada a partir na nuca para a testa. Para fios curtos, a trança rasteira é uma das mais indicadas. Antes de escolher a sua, converse com seu cabeleireiro e veja qual dos métodos fica mais prático para você, lembrando que os acessórios ajudam e muito a inovar o penteado.






DIFICULDADES DOS NEGROS NO MERCADO DE TRABALHO


A discriminação dá-se de duas formas: direta ou indireta. Diz-se discriminação direta a adoção de regras gerais que estabelecem distinções através de proibições. É o preconceito expressado de maneira clara como, por exemplo, a proibição ou o tratamento desigual a um indivíduo ou grupo que poderia ter os mesmos direitos e o são negados. Já a discriminação indireta está internamente relacionada com situações aparentemente neutras, mas que criam desigualdades em relação a outrem. Esta última maneira de preconceito é a mais comum no Brasil.

Observando o nosso meio acadêmico, notamos que o número de pessoas da raça negra é reduzido, sugerindo este fato a presença do racismo em nossa sociedade. A discriminação étnica coibindo o acesso do negro às escolas e sua participação nas posições melhor remuneradas no mercado de trabalho estão implícitas nas atitudes dos dirigentes escolares e administradores de empresas, onde se detecta um número insignificante dos mesmos nestes ambientes.

O Brasil é o país com a segunda maior população negra do mundo. Contudo, analisando o mercado de trabalho, percebe-se que a quantidade de negros em setores "elitizados" é muito baixa. O que se verifica é que há uma dificuldade de inserção do negro e sua ascensão em áreas do mercado de trabalho de maior status social. Reserva-se a ele apenas a ocupação das áreas de menor remuneração e projeção social. Este fato é bastante sério e gera problemas sociais graves, demonstrando a presença de vários fatores que impedem essa inserção: problemas históricos, educacionais, governamentais, e ainda o racismo presente em nossa sociedade.

Um dos principais motivos desta não ascenção do negro na sociedade empresarial é a sua base educacional. Se pararmos para analisar, veremos que nas escolas públicas, os alunos, em sua maioria, são negros. O ensino nestas, é o pior no Brasil, fato este que ocasiona o mal desempenho dos alunos negros no mercado de trabalho. Não é que eles não sejam bons nem qualificados, é que sua base de ensino foi péssima e não os ajudou a crescer profissionalmente.

Por isso, a melhor forma de conter o racismo nas empresas, seria um melhora na educação e a conscientização de que cor da pele, ou determinadas características humanas, não interferem na capacidade das pessoas.

MULHER NEGRA TEM HISTÓRIA



Não existem palavras para definir o significado da luta da mulher negra.
Das quitandeiras e lavadeiras do Carmo, as militantes e yalorixás espalhadas por todo o mundo.
Seus atos, falam por si só:


Harriet Tubman, também conhecida como "Black Moses", nasceu em 1820, no condado de Dorchester, Maryland, EUA. Aboilicionista, colaboradora da União durante a Guerra Civil. Durante sua vida lutou pela liberdade dos irmãos pretos, realizando treze missões, nas quais libertou 700 irmãos. Nossa amada heroína faleceu em 1913.

Yaa Asantewa, Rainha de Edweso, foi a alma do povo Ashanti.
"Se fosse nos dias corajosos de ontem, os dias de Osei Tutu, Okomfo Anokve, e Opolu Ware, os chefes não teriam continuado sentados assistindo o seu Rei sendo levado embora, sem diparar um tiro. Nenhum branco teria ousado falar aos chefes dos Ashanto da maneira como o governador falou com vocês esta manhã. (...) Eu tenho que dizer o seguinte: se vocês, os homens de Ashanti, não vão adiante, ñós vamos. Nós mulheres vamos. Eu chamarei as minhas companheiras. Nós os brancos. Combateremos até que nossa última companheira caia nos campos de batalha".
Fala da rainha ashanti, antes da reação dos homens ashanti contra os ingleses que capturam o Rei Prempeh em 1896 para o exílio.




Sojourner Truth, nasceu em 1797, em New York, EUA. Foi para o Canadá em 1827, levando seu filho mais novo. Em 1829 regressou a New York, após a abolição nesse estado. Mais tarde tornou-se uma oradora famosa na defesa do abolicionismo e dos direitos das mulheres.



Rainha Tereza de Quariterê, líder do Quilombo Quariterê, nasceu em Benguela, Angola. Grande guerreira liderou por duas décadas o quimlombo - 1750 a 1770. Quariterê foi um bem estruturado quilombo do Mato Grosso, a liderança contava com um conselho. Além dos alimentos produzidos em sua agricultura comunitária; produzia tecido; e instrumentos com ferro das algemas e objetos usados pelos opressores. Os quilombolas conseguiram diversas vitórias contra expedoções luso-brasileiras, então o governo criminoso preocupado com a situação exigiu a prisão de Tereza e o fim do quilombo. Depois de anos de derrotas e baixas consideráveis, uma expedição organizada em 1770, capturou e matou metade dos quilombolas, aprisionando a Rainha Tereza, que se suicidou com ervas venenosas. Ela é lembrada como um símbolo da luta de nosso povo, foi fundamental para a liberdade de inúmeros irmãos.

Raça e a estratificação social



O percurso histórico e teórico sobre as noções de raça é marcado por um caráter multifacetado e contraditório, devido às posições religiosas e cientificas ao longo dos tempos. Problematizando a questão da construção histórica de raças, percebe-se a interligação histórica dos conceitos de raça e sua ligação com o ser social.

Nos atuais estudos sobre desigualdades raciais, as questões consideradas relevantes pela literatura para se entender os processos de produção e reprodução dessas desigualdades são de relevância os atributos de cor/raça e sexo, principalmente no que tange à educação e ao trabalho domestico e remuneração de mulheres negras, geradores das desigualdades e da estratificação social.

No que tange às desigualdades de raça, cabe ressaltar que as mulheres negras foram e ainda são tratadas com desigualdade, visto o preconceito existente por cor e origem, sendo ainda, as de classes sociais mais estratificas e com menos escolaridade comparada com mulheres brancas da mesma classe social. Portanto a discussão antirracista incute-se de uma questão de gênero, para que haja a implementação dos direitos de todos e de todas presentes na Constituição Federal.

Enquanto atuante de formação de ideias, vê-se a necessidade de trabalhar e contextualizar o tema de construção da definição de raça, para mediar uma nova construção de conhecimento com relação ao respeito e principalmente na desmistificação do conceito de raça, que está carregado de preconceito.
Valéria Gabriela Fosch

REFERENCIA:
HEILBORN, M.L.; ARAÚJO, L. & BARRETO, A. Orgs.: Gestão de Políticas Públicas em Gênero e Raça – GPP-GeR: módulo III. Rio de Janeiro: CEPESC, Brasília: Secretaria de Políticas para as Mulheres, 2010

Consciência Negra